Assédio moral institucionalizado: trajetória de operadores de teleatendimento com LER/DORT

Autores

  • Adryanna Cardim de Almeida Instituto de Saúde Coletiva/UFBA; Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador - CESAT/DIVAST/Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB, Bahia.
  • Paulo Gilvanne Lopes Pena Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal da Bahia.
  • Maria do Carmo Soares de Freitas Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho, Faculdade de Medicina da Bahia, UFBA.
  • Mônica Angelim Gomes de Lima Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal da Bahia.

DOI:

https://doi.org/10.33637/2595-847x.2018-14

Palavras-chave:

trabalho, telemarketing, Assédio moral, Sofrimento psíquico, Lesões por esforços repetitivos, Saúde do trabalhador

Resumo

O presente artigo buscou compreender como funciona o assédio moral sobre os trabalhadores e principalmente o que ocorre quando eles adoecem por lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho - LER/DORT. Para este estudo qualitativo foram entrevistados vinte e oito operadores com LER/DORT, entre 2005 e 2008, e feitas observações nos ambientes de trabalho de dez empresas. No âmbito do teleatendimento, o assédio moral ocorre dentro da organização através de supervisores, coordenadores e médicos do trabalho. Causam perplexidade os abusos e humilhações contra os trabalhadores que procuram locais de amparo, defrontando-se com a falta de acolhimento. Observam-se inúmeras consequências causadas por essas situações de violência, do constrangimento até situações extremas de risco de suicídio. Faz-se necessário construir medidas que contemplem ações preventivas e explorar as relações com os colegas de trabalho, a construção de resistências e a percepção da injustiça.

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Biografia do Autor

Adryanna Cardim de Almeida, Instituto de Saúde Coletiva/UFBA; Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador - CESAT/DIVAST/Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB, Bahia.

Doutoranda em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Coletiva/UFBA. Sanitarista do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador - CESAT/DIVAST/Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB, Bahia.

Paulo Gilvanne Lopes Pena, Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal da Bahia.

Doutorado em Sócio Economia do Desenvolvimento. Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, EHESS, França e Pós-doutorado pela ENSP. Professor associado do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.

Maria do Carmo Soares de Freitas, Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho, Faculdade de Medicina da Bahia, UFBA.

Doutorado em Saúde Pública. Universidade Federal da Bahia, UFBA. Professora adjunto da Universidade Federal da Bahia

Mônica Angelim Gomes de Lima, Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal da Bahia.

Doutorado em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia. Professora adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.

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Publicado

2018-07-22

Como Citar

Almeida, A. C. de, Pena, P. G. L., Freitas, M. do C. S. de, & Lima, M. A. G. de. (2018). Assédio moral institucionalizado: trajetória de operadores de teleatendimento com LER/DORT. Laborare, 1(1), 63–84. https://doi.org/10.33637/2595-847x.2018-14

Edição

Seção

Artigos